terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Doidinho

José Lins do Rego

O mundo interior dos homens é o cam­po de batalha preferido dos grandes - e dos autênticos - romancistas. Como rea­ge o indivíduo ao embate com as coisas da vida? Como cresce e se desenvolve a alma de cada pessoa? O amor, o ódio, o ciúme, a amizade - que cor têm, dentro dela? O grande, o autêntico romancista é um fabuloso arquitecto de almas: levanta um universo multifacetado. No entanto, sempre na sua experiência própria colhe o romancista a lição que lhe permite en­tender a complexidade da personalidade humana. A riqueza de uma novela está em relação directa com a riqueza íntima do novelista que a escreveu. Assim, no caso de «Doidinho»: toda a maravilha deste extraordinário romance decorre da invulgar sensibilidade e inteligência do autor, José Lins do Rego, por muitos con­siderado um dos maiores romancistas da língua portuguesa. Ele soube ver - e ex­pressar - uma realidade fascinante: o Nordeste brasileiro, em época decisiva de dolorosas convulsões socio-políticas. Um menino bem-nascido - que não é se­não Lins do Rego - assiste, comovido e espantado, ao despertar de um mundo, ao amor, ao ódio, à luta, à injustiça e ao heroísmo quotidiano e, deste modo, faz a sua educação sentimental. Retrato de um homem, retrato de um país.

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