sexta-feira, 27 de março de 2009

A missão

Ferreira de Castro

Ferreira de Castro, José Maria de Ferreira de Castro de seu nome completo, nasceu em 1898, na freguesia de S. Pedro de Ossela (Oliveira de Azeméis).
Aos 12 anos emigra para o Brasil, e aí conhece na carne a vida dura e difícil dos seringais da Amazónia. Estigmatizado por esta existência cruel regressa a Portugal, onde se dedica ao jornalismo e à literatura. É então que escreve A Selva, produto dessa vida aventurosa e alucinante na Amazónia brasileira.
Obra Ímpar na literatura portuguesa, rapidamente se viu traduzida nas principais línguas. A Missão, editada pela primeira vez em 1954, põe um candente problema que hoje, a dezassete anos de distância, se pode considerar de verdadeira antecipação: a responsabilidade da Igreja em face da colectividade.
Eis-nos colocados perante um problema moral que de súbito, estala em plena guerra a segunda chamada mundial, que, de 1939 a 1945, arrastou milhões de vidas feitas milhões de cadáveres - pilhas de esqueletos como espelho de uma civilização Traduzido em numerosos países, Ferreira de Castro é não só o escritor de maior popularidade em Portugal, mas ainda o que goza de maior projecção internacional.
A sua integração nesta colecção é, pois, uma honra que o editor não quer perder a oportunidade de sublinhar.

O valente Soldado Cheik

Jaroslav Hasek

Jaroslav Hasek nasceu em Praga (Checoslováquia), em 1883, e faleceu em Lipnice, em 1923.Foi escritor e jornalista Teve uma juventude desordenada, no fim da qual foi chamado combater sob a bandeira austríaca. Destinado aos serviços de saúde, dedicou-se a uma consciente regular sabotagem antiaustriaca..
Feito prisioneiro pêlos Russos, alistou-se no exército checo organizado na Rússia e, em Kiev, tornou-se colaborador dum jornal checo. Parece que, em seguida, desenvolveu uma intensa actividade em organizações de extrema-esquerda.
Depois do seu regresso à Checoslováquia, liberta, tomou-se no escritor despreocupado e no incorrigível "boémio" ao qual a lenda atribui factos nem sempre críveis. A sua obra principal é, sem dúvida, O Valente Soldado Chveik, que o tomou famoso na sua pátria e no estrangeiro.
Chveik, soldado astuto e malicioso, é o símbolo da posição negativa dos soldados checos em relação à Áustria durante a primeira guerra mundial.
Mas não só isso, pois ele encarna uma das mais profundas e saborosas sátiras ao militarismo.
O principal personagem de O Valente Soldado Chveik, de rude bom senso, foi interpretado muitas vezes pela crítica como uma autobiografia de Hasek, que foi acusado de ter insultado Sua Majestade Imperial.
A caricatura que Hasek traça da burocracia militar austríaca corresponde a um protesto contra a guerra, bem como contra a águia imperial. Esta obra, recebida com aplausos por toda a critica, adaptada ao cinema e várias vezes ao teatro
(uma delas por Bertolt Brecht) ê hoje património comum de todos os povos. O seu lançamento em "Livros de Bolso Europa-América" só foi possível graças à colaboração da Portugália Edito
ra
.

O amor do soldado

Jorge Amado

Nesta peça de teatro, Jorge Amado conta-nos a vida apaixonante (romântica e aventurosa) de Castro Alves, o poeta dos escravos, dos espaços livres e do amor. A permanente luta, o esplendor da esperança, a agonia das paixões do grande poeta brasileiro, tudo nos é dado em páginas vigorosas e poéticas que forçam o leitor a participar activamente no drama. É um Castro Alves vivo, inteiro no seu fulgurante entusiasmo pelos ideais eternos que fazem a grandeza do homem, rebelde a rodos os jugos e submisso à beleza que purifica a vida, que Jorge Amado nos oferece, pelo fascínio da sua arte, neste O Amor do Soldado, reflecte peça que reflecte admiravelmente os nossos mais íntimos sentimentos. A mensagem de Castro Alves, que desafia o desdobrar do tempo, encontramo-la integral neste drama arrebatador.

Madame Bovary

Gustavo Flaubert


Publicado pela primeira vez em 1856, na Revue de Paris, o romance de Gustavo Flaubert com que iniciamos esta colecção originou imediatamente grande controvérsia. Houve quem considerasse Madame Bovary um livro escandaloso, pornográfico, e de tal modo essas vozes se impuseram que autor e editor processados por atentarem contra os «bons costumes», e só não foram codenados porque a magistratura francesa da época conhecer soube reconhecer os evidentes propósitos morais do livro. Mas houve também, e felizmente, quem considerasse o aparecimento de Madame Bovary um grande acontecimento literário. Madame Bovary, a história do dia a dia de uma mulher dominada pelos sentidos e da sua expiação, de uma mulher revoltada contra convenções, continua a ser um romance plenamente vivo.

Não matem a cotovia

Harper Lee

As cotovias não fazem mais nada senão cantar para satisfação nossa. Não comem coisas nos jardins das pessoas, não fazem ninhos nas searas, não causam danos a ninguém. É por isso que é pecado matar uma cotovia.
As cidadezinhas do Alabama seriam simples e pacatas se não sofressem de uma doença terrível: o racismo.
Um advogado defende com toda a convicção, e arrostando com ameaças e preconceitos, um negro acusado de violentar uma rapariga branca. A sua luta é contudo vã: nunca num tribunal de Alabama se dera razão a um negro contra um branco. É uma criança que nos conta a história. Uma criança que vai descobrindo o mundo que a rodeia e é testemunha e protagonista de violências e atrocidades. A sua narrativa semi-inconsciente quase se torna a voz da adormecida consciência norte-americana. Laureado com o prémio Pulitzer, já atribuído a romancistas da craveira de Steinbeck, Upton Sinclair, Faulkner, Hemingway e Saroyan, editado em dez países com mais de cinco milhões de exemplares vendidos, Não Matem a Cotovia inspirou o filme Na Sombra e no Silêncio, de Robert Mulingan, com Gregory Peck.

Crime do padre Mouret

Emílio Zola

Serge é um sacerdote católico sincero, na sua crença, um místico pobre cura de uma aldeia pobre, todo devotado ao seu múnus, a Deus e à Sua corte celestial. Albine é uma rapariga pura, simples, ingénua e um pouco selvagem. São ambos jovens, as suas vidas cruzam-se em circunstâncias fortuitas e amam-se. No seu amor não haveria pecado se Serge não fosse padre; mas como o é… porque pecaram? N um nem outro o sabem bem, mas vão viver, daí em diante, o drama angustioso de um amor a que se entregaram com inocência dos seus corpos e das almas virgens. Na sua fé, o padre busca o resgate no fim da via dolorosa do arrependimento e da expiação. Mas que há-de fazer Albine, que só tem o seu amor e só por ele e para ele vive? Á distância e um século, Zola levantou um problema humano que nos nossos dias se debate próprio seio da Igreja católica _ o celibato dos sacerdotes —, problema controverso acerca do qual muitas vozes eminentes se têm pronunciado pró e contra, nos últimos tempos. Em O Crime do Padre Mouret, Zola limita-se a pôr, com notável elevação, um dos «casos» mais dramáticos da crise actual da Igreja católica: o celibato sacerdotal.

A prometida

Vonda Mclntyre

Ela era a sua mais brilhante criação…
Charles Frankenstein fizera-a…
Mas podia impedi-la de seguir os impulsos do seu coração selvagem?
Entre os relâmpagos da noite, na torre do castelo, foi criada uma mulher, a noiva prometida ao monstro de Frankenstein. Era bela, inteligente, livre e em tudo diferente do noivo que lhe era destinado. Mas o Drº Frankenstein não sabia que acabara de criar o instrumento da sua própria morte…

quinta-feira, 26 de março de 2009

Hamlet

Shakespeare

Apresentar Shakespeare ou, mesmo, esta obra-prima do Teatro de todos os tempos é tarefa que, por já ter sido tantas vezes tomada sobre ombros e com maior ou menor sucesso executada, não cabe no âmbito deste texto. Basta que se diga que Hamlet e, além de Hamlet, outras mais obras deste incomparável criador, enfileiram entre os bens mais preciosos do nosso património cultural. Obra criada entre os fins do século XVI e começos do XVII, esta Tragédia do Príncipe da Dinamarca é, com outras peças shakespereanas, um fogo vivo que os tempos não consomem. Sucessivamente reeditado, traduzido, representado, estudado, este Hamlet não perde um fio da sua magnitude; contínua grande, repleto,a permitir sempre e em cada vez uma nova descoberta. Por tudo isto, o aparecimento de um «novo» Hamlet é sempre um acontecimento cultural, é sempre um esforço que honra quem a ele se liga. A preocupação de uma tradução condigna foi o escopo visado pela Colecção Clássicos ao oferecer ao seu público um dos mais altos «clássicos» do Teatro e da Literatura de sempre. Shakespeare, esse anónimo isabelino cujo rosto está todo nas peças que criou, vem assim uma vez mais ao encontro do público de língua portuguesa, para ser lido, sob pena de uma grave lacuna ficar em aberto.

Agnes de Deus



Ela demoverá céus e terra para descobrir a verdade.
A irmã Agnes era tudo o que uma jovem freire deveria ser: inocente, de uma beleza angelical e devotada unicamente a Deus. Até que foi acusada de um dos mais horríveis crimes que podem existir. A polícia diz que ela é uma assassina A madre superiora afirma que é uma santa. E é à Drª Martha Livingston que compete procurar a perturbante verdade, escondida por detrás das silenciosas paredes do convento… e nos recônditos do frágil espírito de uma jovem freira…

Problemas da Infância e da Adolescência

Claude Kohler/Paule Aimard

Redigida por dois grandes especialistas da infância, a presente obra alia a clareia do texto a um apurado sentido psicológico. Apelando moderadamente para alguns conceitos fundamentais da psicanálise, os sete capítulos que compõem este volume debruçam-se sucessivamente sobre os diversos problemas da vida afectiva e sexual que, desde a primeira infância, se escalonam ao longo da evolução do indivíduo até ao seu estádio adulto.

Voltar atrás para quê?

Irene Lisboa

A alma de uma adolescente posta a nu. As alegrias e os sofrimentos, as perplexidades e os deslumbramentos de uma rapariga que abre para a vida. O mundo secreto de um ser-necessariamente, ainda frágil e hesitante - revelado tal qual. Irene Lisboa, com a objectividade, a frieza e a segurança dos grandes mestres, descreve-nos tudo quanto se passa no interior da sua heroína, em páginas de uma simplicidade inigualável. E, em páginas pungentes. Mas..., quem é a heroína desta espantosa novela - verdadeira obra-prima da Literatura -, que nos aparece agredida e ferida pelo mundo, pelas pessoas? Indiscutivelmente, a própria autora. « Voltar atrás para quê?» tem um sabor único a confissão terrível, que se levou a limites quase insuportáveis e que nos empolga e comove. « Voltar atrás para qué?» é um grito - que ressoará, para sempre, dentro de quem o ler. Unanimemente considerada a maior escritora da língua portuguesa de sempre, Irene Lisboa só se pode comparar, por exemplo, a criadores da altura e da estirpe de um Tchekov, de uma Katherine Mansfield, de um Proust e, na dimensão trágica, de um Camilo Castelo Branco

Um diabo no paraíso

Henry Miller

Menry Miller teve, como muitos outros escritores americanos, uma juventude inquieta e vagabunda. Filho de um alfaiate pobre, lançou mão dos mais diversos empregos, desde bibliotecário a pianista e boxeurs. Mais tarde, instalado em Paris, tornou-se um frequentador assíduo da boémia cosmopolita do bairro de Montparnasse. Publicou então os seus primeiros livros que, reflectindo naturalmente o meio dissoluto em que vivia, provocaram reacções por parte dos puritanos. Muito tempo editada apenas clandestinamente, a sua obra só depois de 1945 lhe permitiria começar a ascensão para a celebridade de que hoje desfruta em todo o mundo. Profeta da natureza e do instinto, como lhe chamam alguns críticos, ou alquimista da palavra, no dizer de outros, Henry Miller é sobretudo, através do seu lirismo realista um vigoroso crítico da esterilidade da vida contemporânea. Neste contexto humano e social se integra, pois, «UM DIABO NO PARAÍSO».

A guerra dos mundos

H.G.Wells

Correm os homens, inevitável e vertiginosamente, ao encontro da própria destruição? O homem será o carrasco de si mesmo? A vida sobre a terra tem os dias contados? Qual o real da técnica, do progresso, das grandes descobertas no campo da física, da química, das matemáticas? Herbert George Wells -um denso pensador inglês -, ao escrever e publicar «A Guerra dos Mundos», pressentiu e adivinhou os terríveis e trágicos problemas que angustiam, hoje, a pessoa humana e ameaçam os dias futuros. Wells escreveu, também, um dos mais extraordinários romances de ficção científica de sempre, que manteve, através dos tempos, a frescura, o interesse palpitante e a «lógica» tremenda, atributos capazes de prenderem sucessivas gerações de leitores. Um grande romance. Um autêntico «clássico» da literatura de antecipação. Um aviso de enorme importância. H. G: Wells denuncia o perigo supremo da destruição absoluta e afirma – contra realidade brutal de criminosos equívocos - a sua esperança no futuro da Humanidade.

quarta-feira, 25 de março de 2009

A volta ao mundo em 80 dias

Júlio Verne

Júlio Verne formou-se em Direito, na Universidade de Paris. O pai, respeitável advogado francês, poderia garantir-lhe uma vida agradável, se acaso ele aceitasse seguir a carreira da advocacia. Mas o espírito de aventura e a vocação literária decidiram o destino de Júlio Verne: aos vinte anos escrevia já operetas e comédias e o primeiro romance, «Cinco em Balão», granjeou-lhe, em poucos meses, a celebridade e o êxito material.
As histórias dos seus livros acontecem por todos os continentes e em todos os oceanos, no pólo Norte e no pólo Sul, no deserto, no fundo dos mares e uma das qualidades surpreendentes que afirmam é o extraordinário poder de antecipação científica. «A Volta ao Mundo em 80 Dias» conjuga esses dois aspectos: a imaginação apaixonante e o pressentimento das grandes os revoluções técnicas dos nossos dias.

O Poder mental

Tom Werneck. Frank Ullmann

Muitas vezes, no dia-a-dia, lhe acontece deixar em meio uma tarefa já começada. Responsabiliza as solicitações que o assaltam em catadupa: o telefonema de um amigo, uma visita inesperada, isto ou aquilo. Na realidade, o seu poder mental revelou-se insuficiente: o poder de observação e concentração. De certa maneira, não é ainda senhor de si próprio. Como chegar ao auto domínio, à segurança, que lhe permitam sobreviver ao mundo frenético em que todos nós vivemos? Como transformar o querer no poder? Não lhe propomos um simples livro de passatempos ou testes: oferecemos-lhe três semanas de exercícios diários, durante as quais desenvolverá a sua capacidade de observação e de concentração. Trata-se de uma obra essencialmente prática, que lhe apresenta, contudo, um programa minucioso e capaz de o recuperar para a vida activa que ambiciona.

Os insubmissos

Urbano Tavares Rodrigues

Escrever é diálogo. Diálogo com os outros, diálogo connosco próprios. O escritor (romancista, contista, poeta) tenta comunicar aos mais o que viu e sentiu, na sua passagem pelo mundo. É, também, um gesto de oferta. É, também, um gesto de confiança. É, também, um acto de generosidade. Urbano Tavares Rodrigues, numa obra já longa e muito válida, não busca senão isso: falar daquilo que o tempo em que vive o obriga a meditar, para que, assim, os leitores consciencializem os problemas do momento que passa. Dos momentos que passam. Porque este ficcionista excepcional - entre os melhores ficcionistas portugueses contemporâneos-sempre se quis atento a todas as grandes angústias, esperanças e desesperanças do homem moderno. Os Insubmissos, romance marcante na bibliografia de Urbano Tavares Rodrigues, representa, exactamente, a revolta dos que não querem ser simples máquinas, num universo mecanizado, a revolta dos que reivindicam a escolha do destino que lhes pertence. Um livro saudável mente inquietante.

O estrangeiro

Albert Camus

Um homem pode ser estrangeiro na sua Própria terra. Pode ser estrangeiro na sua própria casa. Ou dentro de si. Basta-lhe, para isso, que, um dia, ao acordar, não empreenda o sentido das coisas. O herói deste apaixonante romance – Mersault - descobre-se, numa manhã soalheira da cidade de Argel, um estrangeiro dentro de si próprio. Estrangeiro, indiferente, íncapaz de amar e, talvez até, de sofrer. No fim e ao cabo, porque nada lhe parece valer a pena, valer o sacrifício do esforço e viver. Eis o triunfo do Absurdo - ou luta com o Absurdo? •-, tal qual no-lo escreve Albert Camus, malogrado escritor: francês que foi, na companhia de Sartre e outros, um dos chefes de fila do existencialismo, nos não muito distantes anos do após-guerra, quando a Europa o Mundo buscavam novos caminhos, entre os escombros de uma guerra dolorosa. Em duas centenas de páginas, 'repensam-se, implacavelmente, os valores a que nos vamos agarrando ...

O jogo

Carlo Coccioli

A páginas tantas, uma das personagens deste romance extraordinário confessa: «Percebi que muitas coisas se desmoronaram e que fiquei cheio de incertezas no meio dessas ruínas.» E o desabafo sintetiza, de certo modo, a grande inquietação do homem moderno: não sabe no que acreditar; deixou de crer e ainda não crê. À boa maneira dos grandes trágicos, Carlo Coccioli situa os seus heróis na fronteira muda do desconhecido: nada depende deles e tudo talvez não passe de um monstruoso engano. De um monstruoso jogo. Jogo desesperado de amor, jogo desesperado de morte. E não é por acaso que o autor recorre, para epígrafe, aos versos de António Machado, que dizem: “A máscara, a aparência: o único refúgio para o homem alanceado pela dúvida e nostalgia de uma Felicidade inatingida.Carlo Coccioli –um dos maiores romancistas europeus-abre,no entanto,no coração da dolorosa angústia contemporânia, uma pequena janela de esperança.

Como defender o nosso coração

Christiaan Barnard

Como podemos e devemos defender o nosso coração sintetisa este admirável trabalho do professor Christiaan Barnard, pioneiro das transplantações cardíacas e conhecido mundialmente pelo cirurgião das mãos de ouro.
Escrito escorreitamente, acessivelmente, Como Defender o Nosso Coração, adverte-nos dos perigos permanentes em que incorremos, acautela-nos, ajuda-nos e remete-nos para o médico no momento oportuno. A prevenção, entretanto, como se conclui da indispensável leitura deste importante livro, evita-nos, com certeza, aborrecimentos que Podem ser de Morte.

A serpenta Emplumada

D. H. Lawrence

D. H. Lawrence: um reformador dos costumes. A sua obra romanesca, profundamente vitalista, anuncia a liberdade dos sentidos, a valoração do erotismo que, hoje por hoje, marcam o mundo em que nos movemos. D. H. Lawrence reagiu, com a força e a sinceridade de um autêntico criador, ao severo espírito vitoriano, que ensombrava a Inglaterra dos princípios do século. Quarto filho de uma família de mineiros, teve ocasião de surpreender as ambiguidades e as hipocrisias de uma moral ultrapassada, que não se cansou de denunciar. Cedo preferiu o exílio, viajando pela Itália - onde se fixou -, Alemanha, Austrália, Estados Unidos e México. E, no exílio voluntário, colheu e frutificou a matéria de tantos romances singulares. «A Serpente Emplumada», por exemplo, a história de Kate, uma viúva irlandesa, insatisfeita e instável, que encontra, no México onde perdura a memória de um culto bárbaro de sangue e de morte -, a oportunidade para construir, em plenitude, uma existência desmistificada.

Crónica familiar

Vasco Pratolini

A passagem do tempo, eis uma realidade incontornável. Dias, meses, anos, a corrida é para o fim, para o esquecimento, para o «nunca mais». A beleza dos instantes tem a fragilidade de uma rosa. Só a obra de arte rouba à lei da morte aquilo mesmo que deveria ser de sempre. E para sempre. Pratolini, o grande romancista italiano, compreendeu-o. «Crónica Familiar» não representa outra coisa: a luta contra a usura dos sentimentos e da alegria. Poética e, simultaneamente, de realismo impiedoso, esta obra exemplar recupera a infância e as experiências juvenis do autor, vividas nas dramáticas contradições da época turbada que precedeu a Segunda Guerra Mundial. Vasco Pratolini é um filho do povo, nado e criado num bairro pobre de Florença. A sua linguagem é directa e simples. E o testemunho que nos comunica possui a força empolgante das coisas autênticas e sofridas. História de amor e amizade, que aconteceu no meio de homens. De alguns homens humilhados e ofendidos.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Três homens num bote

J.K.Jerome

O excessivo amor ao privado determina a infelicidade dos ingleses. É ponto assente, de acordo com os últimos relatórios médicos. Mas como podem preservar a vida privada três homens - e um cão -, que sobem o Tamisa, num bote? Os três homens - e o cão - aceitam o diálogo e a proximidade, muito britânicamente, é certo. O «spleen» e o espírito de «sport», eis o que empurra os nossos heróis, para a inesperada atitude de convívio, onde se tornam críticos, involuntários de si próprios e dos mais. Muito britânicamente também, com o sereno humor que os distingue, repensam os valores e os tiques da sociedade que os viu nascer e crescer: nem a Magna Carta, nem a rainha Vitória lhes resistem, multiplicando-se as situações de um cómico irresistível. O talento e o poder inventivo de um escritor singular proporcionam-nos umas quantas horas de aliciante leitura, recheada de imprevistos e finamente irónica.

O homem que era 5ª feira

G.K. Chesterton

A ironia é uma arma terrível. E como a autêntica literatura sempre intervém junto dos homens, Chesterton -um verdadeiro criador - usa-a para o seu combate de marginal voluntário, que repensa, através da sátira e da fantasia, a realidade quotidiana. O riso, a gargalhada, são inevitáveis durante a leitura das obras de Chesterton, exemplar cultor do humor inglês; mas, depois, fica-nos a ideia de termos ido além do mero divertimento. Personalidade complexa, que se expressou em poesia, em novela, ensaio, jornalismo, Chesterton haveria de encontrar no romance o veículo ideal para criticar o mundo onde viveu e nós vivemos. E foi essa a sua preocupação maior: investigar o sentido das obrigações que o progresso impôs ao indivíduo, seriamente ameaçado de se transformar em peça de máquina. «O Homem que Era Quinta-Feira», com certeza a sua obra-prima, analisa aquilo a que hoje se chama uma sociedade de consumo. De quem se ri Chesterton? De quem nos rimos nós? De nós próprios? Dos outros? De um pesadelo?...

O Diabo

Giovanni Papini

Deus e o Diabo: os pontos cardeais da vida, o Alfa e o Ómega do Universo. Entre Deus e o Diabo, se resolve o homem, angustiado combatente de uma batalha decisiva: a batalha da Eternidade, a procura do Bem. Sob a ameaça do Mal, o homem busca a verdadeira face de Deus. No entanto, para descobrir a verdadeira face de Deus, segundo Giovanni Papini, indispensável é um entendimento claro da força do Mal: o Diabo. Fruto de muitos anos de estudo, de leituras e de pesquisas, «O DIABO», de Giovanni Papini, ajuda a compreender a figura misteriosa do «Anjo Negro», respondendo a muitas perguntas que dilaceraram as almas. Eis os três problemas principais supriormente focados neste livro extraordinário: a causa real da rebelião de Lúcifer; as verdadeiras relações entre Deus e o Diabo; a possibilidade de, através dos homens, Satanás voltar ao seu primeiro estado, libertando-se do mal. Inquietante e apaixonante, extremamente acessível, apesar de análise rigorosa de um problema complexo, «O Diabo» constitui mensagem de esperança, de boa vontade e de beleza, que interessa a todos quantos olham para a vida com olhos de ver e se recusam aos caminhos fáceis.

O fio da Navalha

Somerset Maugham

Quais são, actualmente, os seus planos?
- Tenho de terminar um trabalho aqui e voltarei depois para a América.
- Para fazer o quê?
- Viver.
- Como?
Respondeu serenamente, mas com um brilho travesso no olhar, pois calculava perfeitamente a surpresa que a sua resposta iria causar-me:
- Com calma, paciência, compaixão, abnegação e continência.
- Quanta coisa! - disse eu. - Mas porquê continência? Você é novo, Larry; acha acertado abafar aquilo que, juntamente com a fome, é o mais forte instinto ani-mal?
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terça-feira, 17 de março de 2009

O trono e o altar

Maurice Baring

Como e porquê a Inglaterra dos Tudors aceitou a Reforma?
Eis o que detalhadamente nos explica Maurice Baring, cujo ponto de vista é o de um católico, que pensa que «o amor de Deus tem um equivalente no deus do Amor» neste extraordinário romance histórico que é O TRONO E O ALTAR.
Diplomata, correspondente de grandes jornais, poeta, contista e dramaturgo, Baring conquistou a estima dos apodados idealistas e dos amadores da delicadeza feminina.
Esteta subtil e melancólico, de gosto arreigado pelo diálogo, construiu séria obra literária, de que O TRONO E O ALTAR será exactamente o seu mais vivo exemplo
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A atenção

Alberto Moravia

O romance e a vida. A verdade da vida e a verdade da arte. Como se tocam e como se separam estas duas realidades? O herói de Alberto Moravia - um dos maiores escritores italianos da actualidade - é o jornalista Francesco Merighi, homem que já passou os quarenta anos e que decide registar num diário tudo quanto lhe acontece. As máscaras do quotidiano devem cair diante da verdade nua e crua. Merighi é um jornalista falhado, que tenta, assim, realizar o que nunca conseguiu: prender, naquilo mesmo que escreve, os múltiplos caminhos da vida e o seu sentido. O sangue e o sal da vida. Sem pudor e sem escrúpulos. E muito mais fabuloso e inquietante do que imaginara se revela o dia-a-dia que analisa: Cora, a mulher, por detrás das aparências, cultiva uma perigosa ambiguidade; Baba, a jovem enteada, desenvolve, com estranha candura, um trabalho de sedução - a que os sentidos não são alheios -, que o visa a ele, Merighi. «A Atenção» transforma-se, de página para página, num interrogatório alucinante, em que se envolvem sensualidade e inesperada beleza, elementos do universo interior, que só o extraordinário talento de Moravia, mestre de romancistas, consegue comunicar-nos.

1984

George Orwell

Onde começa e onde acaba a liberdade de cada homem? As vertiginosas conquistas da ciência, o quase inacreditável progresso material, verificado no decurso deste nosso século XX, coincidam com uma real libertação e dignificação da pessoa humana? Ou erguem-se novos Senhores, novos deuses, cruéis e indiferentes, agora verdadeiramente sobre-humanos? Londres, ano de 1984. Uma nova sociedade em marcha: o reinado da Máquina, que tudo faz, tudo resolve e tudo prevê. O homem dispensado de pensar. Tudo está programado. Tudo, menos a liberdade. Tudo está programado, menos a liberdade de pensar; o direito à diferença, à originalidade, à individualidade. Cada homem deve ser como todos os outros: nada mais do que uma das peças da gigantesca Máquina. Ousar o contrário significa desencadear um perigoso conflito. Que - inevitavelmente e ainda bem - se desencadeia, porque a morte da liberdade representa a morte do Espírito, a morte do Homem. George Orwell escreveu um romance inesquecível e de grande qualidade, que vale à maneira de aviso: «1984». Aliás, uma data próxima...

O Doutor Jivago

Boris Pasternak

Quem é lura Jivago? Um homem dividido entre duas mulheres? Um poeta? Um burguês que não se adapta a uma revolução inevitável? O drama do Dr. Jivago reside, somente, na atracção por Lara Guicharova e na infinita ternura por Tonia, sua mulher? Ou terá um alcance mais vasto? Boris Pasternak - Prémio Nobel de Literatura de 1958 - não escreveu, apenas, um extraordinário romance de amor difícil e vagabundo; levantou, também, o processo impiedoso de toda uma sociedade de tipo colectivista, que escamoteia ao indivíduo a liberdade da escolha. Pasternak foi, por assim dizer, o precursor do hoje tão discutido - e Prémio Nobel de Literatura de 1970 - Alexandre Soijenitsyne, ao ousar a denúncia do dogmatismo em que assentam certos estados modernos, lura Jivago vive uma epopeia que se trai a ela própria - a revolução russa de 1917 - e descobre-se ludibriado, perseguido e solitário. E já nem Lara, nem Tonia o acompanham, pouco a pouco transformando-se o dia-a-dia em passado e, o passado, em fumo, com a dolorosa fragrância das nostalgias que magoam. Em seu redor, uma teoria de personagens inesquecíveis tornam o romance - à boa maneira russa - num fresco fabuloso de extrema riqueza psicológica e valor histórico.

Rum

Blaise Cendrars

Poeta, romancista e ensaísta suisso de expressão francesa, Blaise Cendrars repudiou, desde a primeira hora, a «arte-pela-arte»; escrever, para ele, representava comunicar aos outros homens experiências fundamente vividas. Mas vividas no risco e na aventura: aos dezassete anos, Cendrars atravessava a Rússia, a India, a China, a Pérsia, a América, ligado a um traficante, cujas mercadorias defendia de pistola em punho... E a guerra de 14-18, onde combateu como voluntário, levar-lhe-ia o braço direito. Assim, a sua literatura acontece, sempre, muito perto da realidade, muito perto dos homens, companheiros de uma viagem que ele quis acidentada. «Rum», extraordinário testemunho de um talento original, poderoso e marcado pela capacidade de fixar as linhas dramáticas do quotidiano, não é senão um relato autobiográfico, apaixonante e deslumbrante. Um documento inolvidável.

Teresa Raquin

Émile Zola

Ao escrever este admirável romance - «Teresa Raquin» - Émile Zola afirmava trata-se de «um grande estudo psicológico e fisiológico». E, na verdade, traçara, com mão de mestre, o perfil de uma mulher, analisando as suas paixões, os seus ódios, a sua força e as suas fraquezas. Talvez o estudo da sensibilidade feminina nunca tenha sido conduzido a zonas por tal modo profundas e reveladoras, que atingem o inconfessável. «Teresa Raquin» constitui um testemunho de actualidade extrema, acerca da condição da mulher numa sociedade machista.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Yoga Diário para a saúde

Howard Kent

No inferno da vida moderna, uma pausa para repouso e meditação, alguns momentos em que o seu corpo tentará recuperar o ritmo que perdeu. A grande dificuldade de hoje consiste, precisamente, na sobrevivência a uma sociedade apressada, que, até agora se tem esquecido do homem, impondo-lhe um dia-a-dia desenfreado e esgotante. Ora «Yoga, Diário para a Saúde», livro precioso que constituirá, com certeza, um manual cuja companhia não dispensará, ensina-o a vencer o assalto do «stress», do cansaço físico e mental, recorrendo ao fabuloso ensinamento dos orientais. Ensina-o a conquistar, para si, horas diferentes, num quotidiano sempre demasiado parecido com o dos outros. O yoga não é apenas, uma ginástica: é muito mais do que isso. É um trabalho fascinante de disciplina interior, que treina o seu autodomínio, a sua força de vontade e a sua capacidade de concentração. Graças ao Yoga, o leitor descobrirá possibilidades que desconhecia e um novo prazer de viver.

A mulher destruída

Simone de Beauvoir

O nome de Simone de Beauvoir liga-se, directamente, aos grandes movimentos de reivindicação social que se preparam durante a guerra de 1939-45 e explodem depois do armistício. É a companheira de Sartre e de Camus, durante os anos da resistência anti-nazi, a grande escritora do existencialismo e da denúncia de uma moral burguesa ultrapassada e, sobretudo, o arauto da corrente feminista, que exige, para a mulher, um outro estatuto, assente na liberdade e na igualdade. De facto, os seus apaixonantes livros de memórias e os seus lucidíssimos romances chamam as atenções gerais para uma forma velada de escravatura ético-social a que mulher dos nossos tempos ainda se encontra sujeita, quer no plano do sexo quer no plano do trabalho. No plano do sexo, é encarada como mero objecto de prazer e, no plano de trabalho, sofre os efeitos de uma espécie de segregação, que menospreza a sua capacidade produtiva. Mas, haverá um novo papel a representar, pela mulher, no mundo moderno? Deixará a mulher a categoria de objecto para atingir aquela que lhe cabe, de pessoa? Poderá a mulher conquistar um lugar ao sol na sociedade do futuro? Estas, algumas das perguntas formuladas por Simone de Beauvoir na obra que agora lhe oferecemos,«A Mulher Destruída». A Mulher Destruída, porquê? Para muitas leitoras, o livro de Simone de Beauvoir será uma espécie de espelho, onde poderão reconhecer os traços dolorosos da própria frustração. E, para muitos leitores, o remorso, a tomada de consciência de um machismo cruel, egoísta e obsoleto.

Empresta-nos o seu marido? e outras comédias da vida sexual

Graham Greene

Uma das grandes qualidades de Graham Greene é não perder tempo com o que não vale a pena: os seus romances, as suas novelas, aparecem-nos reduzidos ao essencial, sem palavras a mais, nem a menos. O genial escritor inglês, em meia dúzia de páginas, caracteriza as personagens e lança os alicerces as suas histórias apaixonantes, cuja intriga prende os leitores,desde a primeira Descrições sucintas, mas, sugestivas; diálogos breves e directos; permanente invenção de situações inesperadas - eis alguns aspectos que definem Graham Greene. «EMPRESTA-NOS O SEU MARIDO? E OUTRAS COMÉDIAS DA VIDA SEXUAL» retoma o género que Greene domina com mestria: a novela. De tacto, cada uma das histórias deste livro vai além do mero apontamento ou da fantasia pura, afirmando-se um verdadeiro romance curto. A ironia, o cómico e o trágico assistem a Greene quando, com esfusiante agilidade, acompanha os seus heróis, por terras do Sul de França, da Inglaterra, das Caraíbas. Assim como lhe assistem a funda humanidade e a experiência, que fazem dele um dos mais importantes romancistas contemporâneos.

Com estas minhas mãos

Hans Hellmut Kirst

A Alemanha dos anos que se seguiram à última a grande guerra. Uma história de amor. O génio de um dos maiores romancistas europeus do nosso tempo, que descreve a realidade de um país contrastado e analisa os movimentos secretos do coração humano. A vida de uma pequena cidade de província. A nostalgia de um amor antigo. À parteira Golder acontece assistir ao nascimento de um dos filhos do rico industrial Siegert, que abandonara, muitos anos atrás, a três semanas do casamento, escolhendo outro homem, simples operário. Mas Siegert não a esquecera nem lhe perdoara. E eis que se revive uma paixão antiga, agora em ódio e desejo de vingança, muitas vezes, a outra face do amor . Nas vidas da parteira Golder e do rico industrial Siegert existem, já outras pessoas: marido, mulher, filhos. Excelentes alvos para a vingança e para o ódio. Como para o amor. O destino teria, ainda, uma palavra a dizer, nesta estranha e difícil história que nos revela as personalidades mais variadas e os abismos das almas. Hans Helimut Kirst ergueu uma obra inolvidável e as suas figuras movimentam-se, diante de nós, sofrem e amam, diante de nós, com a verdade pungente de personagens autênticas, arrancadas a um quotidiano magistralmente reconstituído.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Admirável mundo novo

Aldous Huxley

Será admirável o nosso novo mundo? A quem serve esta civilização que se diz moderna e funcional e, ao aparato das técnicas, sacrifica o espírito?... O espírito, considerado realidade menor, o espírito tolerado, quando não reprimido... Qual, o lugar do homem, numa sociedade dominada pela máquina? Qual, o caminho para o Indivíduo que reivindique a liberdade interior e o direito à sua... individualidade, à sua singularidade? Para o indivíduo que queira caminhar pêlos próprios pés? Aldous Huxiey, um dos maiores escritores contemporâneos, descreve, em «Admirável Mundo Novo», com fantasia e ironia implacável, a sociedade futura totalitarista. Simplesmente, o universo que o grande romancista inglês amima pertence, de certo modo, aos nossos dias. Quase já não pode considerar-se uma ameaça: tomou corpo. O que empresta à leitura desta obra uma força trágica invulgar. Mundo novo? Mundo intolerável? Mundo inabitável? Mundo de onde se deve fugir, de qualquer maneira? Ou, mundo a reconstruir - pedra por pedra? Com uma pureza reconquistada? Aldous Huxiey deixa-lhe este montinho de problemas que o leitor poderá - se quiser e souber... - resolver...

O americano tranquilo

Graham Greene

Sentada no chão, uma mulher amparava no colo os restos do seu filho: por uma espécie de modéstia, cobria-o com o seu chapéu de palha de camponesa. Estava imóvel e silenciosa, e o que mais me impressionou foi o silêncio da praça. Lembrava uma igreja que eu visitara durante a missa; os únicos ruídos eram os do dizer da missa e de alguns europeus que aqui e além choravam e imploravam e ficavam novamente silenciosos, como que envergonhados pela modéstia, paciência e o decoro do Oriente. Um torso sem pernas à beira do jardim continuava a contorcer--se como uma galinha de cabeça cortada.

De víbora na mão

Hervé BazinVerificação ortográfica

Nenhum escritor falou da família com tanta ferocidade como Hervé Bazin. Porquê? Como foi que, partindo de recordações pessoais, o romancista criou a sua obra?
DE VÍBORA NA MÃO, seu primeiro romance (1.700.000 vendidos em França), iniciou a série e fez escândalo. Obra autobiográfica e perversa, desmistífica a imagem da mãe, mulher seca, feia, mesquinha, que sonhou matar; mas também mulher corajosa a quem outrora consagrou um ódio mesclado de admiração.
Bazin, Presidente da Academia Goncourt, é o resultado da sua juventude, como ele próprio afirma. A sua obra é o resultado dessa juventude e dos condicionalismos consequentes. Bazin é «um roman-cista da vida privada do século XX». Bazin é, fundamentalmente, um Escritor.
DE VÍBORA NA MÃO, o seu grande livro.

D. Camilo e o seu pequeno mundo

Giovanni Guareschi

Os homens estão menos divididos do que pensam e o universo de uma pequena aldeia italiana pode provar-nos isso mesmo: há, sempre, lugar para o encontro. D. Camilo-o Padre - e Pepone -o dirigente comunista esquecem, muitas vezes, as suas dissidências, ao verificarem que a fraternidade não muda de roupa, conforme as ideologias. Voltam, então, a ser apenas dois homens preocupados com os outros homens. E o mundo de D. Camilo ilumina-se: esba-tem-se os conflitos e sobressai a simpatia, que nos faz rir e nos comove. No que tem de verdadeiro e de actualíssimo, o romance de Giovanni Guareschi constitui lição a meditar, lição que nos reconcilia com um tempo dividido e nos aponta outro caminho, à margem do ódio e da violencia

quarta-feira, 11 de março de 2009

Eurico o Presbítero

Alexandre Herculano

Alexandre Herdulano introduziu em Portugal, nos meados do século passado, um novo género do romance: o romance histórico. De par, revitalizou a novela portuguesa, perdida como estava a tradição do romance de cavalaria, do romance bucólico e do romance sentimental. Os mestres de Alexandre Herculano são o inglês Walter Scott e o francês Victor Hugo. E o romance histórico permitiu ao grande escritor recorrer às diversas características da sua personalidade riquíssima: o gosto pela poesia, pela aventura, a sólida erudição. O excepcional talento de prosador vernáculo emprestou-lhe às obras força e sugestão insuperáveis. Figura maior do nosso romantismo, abordou o transcendente, o sobrenatural - santidade e maldição, as duas formas do sagrado, balizam as novelas de Herculano-, reconstituindo, magistralmente, os vestuários, os interiores, as festas da época que preferiu: a Idade Média. «Eurico, o Presbítero», clássico da Literatura Portuguesa, representa, afinal, regresso fascinante à alta idade média peninsular, ainda sob o domínio árabe. Ao mesmo tempo, uma história de amantes separados uma bela história de amor e de morte.

A flor oculta

Pearl Buck

Um dos atributos do romance - e não o menor -: revelar-nos a personalidade humana, naquilo mesmo que ela tem de claro e escuro, de forte e delicado. PearI S. Buck - Prémio Nobel de Literatura, recentemente desaparecida - é exímia pintora de almas. Quem se não recorda de obras como Terra Bendita, como Os Filhos de Wang-Lu? E quem não notou a inteligência e a segurança com que PearI Buck -uma norte-americana - soube fixar os fascinantes matizes do mundo oriental, da distante China? Em A Flor Oculta, PearI Buck analisa um problema de extrema actualidade e dramatismo: o choque entre duas civilizações: a ocidental e a oriental. Cenário: o Japão. Época: os anos que se seguiram ao armistício de 1945. Assunto: uma belíssima e pungente história de amor, o encontro de um soldado americano e de uma jovem nipónica. É legítimo o amor entre duas pessoas de raças diferentes? A resposta talvez dê o fruto inocente dessa ligação: o pequeno Lennie ...

Amok e carta duma desconhecida

Stefan Zweig

Uma hora pode modificar o destino de um homem? O amor é o elemento que decide da vida de um homem? «Amok», romance extraordinário de Stefan Zweig, novelista, romancista e historiador alemão que se debruçou atentamente sobre problemas individuais e sociais, representa a estranha (e inquietante) história de um homem que vê os seus dias transformados pela loucura de uma hora. «Carta a uma Desconhecida», a novela que se lhe segue, mostra-nos a figura inesquecível de uma rapariga que nunca consegue que o homem amado (e pai do seu filho) reconheça a sua paixão e o seu sacrifício. « A Colecção Invisível» é a terceira novela com que se completa este livro, cuja característica dominante reside principalmente no arrebatador poder narrativo de Stefan Zweig, sem dúvida um dos mais poderosos romancistas da sua geração.

Que faz correr Sammy?

Budd Schulerg

As boas intenções não fazem a obra de arte. Para que o seja e intervenha, de facto, junto dos homens, uma condição é indispensável: a qualidade estética.
Só as grandes obras de arte tocam, profundamente, o homem, através dos séculos. Indispensável, também (está claro) o talento do artista (sem talento não haveria qualidade) e que a este assista uma larga compreensão dos problemas humanos - o que significa, por vezes, uma larga experiência. Budd Schulberg -o romancista de Que Faz Correr Sammy? reúne as duas características: talento e experiência vivida. Budd Schulberg atravessou, de ponta a ponta, o mundo turvo de Holiywood, capital do cinema, em que inveja, frustrações, despeito e deslealdade são moeda corrente. Assim, o herói Sammy Glick, figura roída pela ambição sem escrúpulos, simboliza todo um ambiente: a corrida ao ouro, nos bastidores de Holiywood. Budd Schulberg, enquanto relata o triunfo de Sammy - que de contínuo de jornal, chega a milionário - levanta o processo de uma sociedade cujo único valor é o dinheiro. Implacavelmente. E com a segurança apaixonada de um autêntico mestre da arte de contar.

A cidadela

A.J. Cronin

O homem moderno é um solitário, incapaz de romper o círculo de gelo que deixou formar-se em sua volta. Andrew Manson, o herói d' «A Cidadela», descobre, na entrega a um ideal e no exercício de uma profissão - a medicina -, a alegria e a harmonia íntimas de que somos todos carecentes. Christine, a sua mulher, diz-lhe: «Não te lembras que consideravas a vida como se fosse um assalto ao desconhecido, uma investida para a altura? Era como se quisesses conquistar uma cidadela que não vias, mas tinhas a certeza de que estava lá, no alto...» O combate de Andrew Manson, porém, nada terá de fácil, numa sociedade de interesse e egoísmos – a sociedade contemporânea inglesa -, que A. J. Cronin critica, impiedosamente.

terça-feira, 10 de março de 2009

Ilha de Verão

Erskine Caldwell

Erskine Caldwell é, por natureza, um viajante. Muito novo se entregou àquilo mesmo que mais o interessa: a descoberta do mundo. E, naturalmente, a descoberta do mundo dos homens. Aos catorze anos, saiu de casa e percorreu todo o velho Sul dos Estados-Unidos. Depois, empolgaram-no o México, a América central. Erskine Caldwell é um contador de histórias e, para falar dos homens, quis-se junto dos homens. Assim, soube compreender as contradições de um tempo difícil. E compreendeu-as num país em que os problemas esboçados representam matizes significativas de lima moderna. «Ilha de Verão», obra superior da novelística contemporânea, constitui, no fim e ao cabo, um microcosmos convulso e dramático: a luta de classes, a questão racial, a alegria de viver, que a tecnocracia ameaça - eis as linhas de um mundo a que não somos alheios.

História desconhecida dos homens

Robert Charroux

O homem de hoje nada inventou: tudo já foi vivido e experimentado, por antepassados cuja ciência em muito o ultrapassou. Para esses homens, as naves siderais, as viagens no cosmos, as ondas hertzianas, os motores de reacção, os iões solares, a energia atómica não constituiriam novidade. Simplesmente os antepassados superiores irradiaram o planeta e deterioraram a espécie humana. Apenas uma escassa minoria de «iniciados» está ao corrente da «verdade», que quase se perdeu no tempo. Robert Charroux, arqueólogo de méritos firmados, desenvolve esta tese, em «História desconhecida dos homens», por forma a obrigar-nos a repensar as certezas convencionais. Extraordinariamente bem documentada, a obra de Charroux começa por surpreender e, depois, fascina e convence. É uma nova medida, para todas as coisas, aquilo que ele nos propõe.

O leopardo

Tomasi Di Lampedusa

Tomasi di Lampedusa, o velho aristocrata siciliano, nunca terá pensado que o seu romance atingira a tiragem que atingiu: 500000 exemplares (facto que, em Itália, não se verificava há cem anos). Adaptada para o cinema por Visconti, traduzida em variadíssimos países, o que impõe esta obra, fruto de um sonho de vinte e cinco anos, que o seu autor não chegou a ver impresso (Lampedusa começara a sua redacção aos sessenta anos e terminara-a poucos meses antes da morte) «O Leopardo» é uma autobiografia; é a história da decadência de uma classe, a aristocracia; é o retrato de um país, sacudido por convulsões sociais, cujos efeitos se fazem ainda sentir (a Itália ). É, também, o perfil de um homem, inesquecível, na nobreza do seu isolamento, na complexidade e na inflexibilidade do seu carácter, na coragem com que aceita a derrocada mesmo do seu mundo. « O Leopardo » é, ainda o palco onde se agitam histórias de amor, de ciúme, histórias de fustrações inevitáveis, de incompreensões trágicas, instantes de beleza, de sonho e de morte.

Fiesta

Ernest Hemingway

A aventura, o amor e a morte são os temas predilectos de Hemingway. Em «Fiesta» -obra romanesca de qualidade superior -, a Espanha constitui o palco de uma viagem empolgante através dos caminhos complexos da alma humana, tomando por pretexto o mundo das corridas de touros. As corridas de touros, o seu significado e os seus ritos, eis o tema principal de «Fiesta», que nos leva à meditação impiedosa acerca da razão última de todas as coisas e exactamente, acerca do amor e da morte.

segunda-feira, 9 de março de 2009

As palavras

Jean-Paul Sartre

Jean-Paul Sartre é muito discutido - e rebatido - por aqueles que condenaram o seu engajamento político. Jean-Paul Sartre é muito admirado por aqueles que não vêem, na sua atitude, nenhum limite à liberdade intrínseca do escritor. Mas a alta qualidade da obra literária de Jean-Paul Sartre ninguém a contesta. O estilo, o fôlego, a lucidez, a franca humanidade, eis o que parece indiscutível, quando se abrem os livros do grande pensador francês que, na companhia de Albert Camus -o extraordinário romancista d' «0 Estrangeiro» - foi uma das principais figuras do existencialismo e, hoje, continua a influenciar, decisivamente, a cena socio-cultural gaulesa. Como chegou este homem à criação artística, à intervenção? «As Palavras», trabalho autobiográfico, responde à pergunta. Com a coragem e a veemência de um confessionalismo raro. Quer o leitor seguir a emocionante viagem de Jean-Paul Sartre? Ela aponta-lhe o caminho da razão e da crítica livre.