quinta-feira, 16 de abril de 2009

Iracema

José de Alencar

José Martiniano de Alencar nasceu em 1829, no lugar de Alagadiço Novo, hoje município de Mecejana, e morreu em Tijuca, em 1877.
Formado em Direito, exerceu a advocacia, onde viria a alcançar notoriedade.
Ingressou entretanto na vida política, chegando a ser deputado e ministro da Justiça.
Mas era a literatura, e sobretudo o romance, a verdadeira vocação de Alencar, cujas obras (übirajara, Iracema,
O Guarani, O Gaúcho, A Pata da Gazela, Guerra dos Mascates, para citarmos apenas algumas} o guindaram a plano de primeira grandeza na história do romantismo brasileiro.
Da leitura destes livros fica-nos sempre uma impressão de grandiosidade e de leveza, que constituem o valor maior do universo de José de Alencar.
Iracema (1865), uma das obras que mais celebrizaram o verdadeiro criador do romance brasileiro, caracterizada tanto pela musicalidade da linguagem como pelo intenso sopro lírico que a anima, constitui talvez, como disse o Prof. António Soares Amora, «a sua obra-prima e, pelo seu tema e expressão, uma das obras mais brasileiras da nossa literatura».
A acção deste romance-lenda de fundo histórico, que proporciona ao leitor a emoção do exótico e da aventura, desenrola-se no cenário natural do Brasil-Colónia, quando das primeiras penetrações dos Portugueses no inteirar do país.
A índia Iracema (etimologicamente, «lábios de mel»), ora envolvida numa pureza que atinge a imaterialidade, ora possuída de uma paixão que subjuga e fascina o jovem português Martim, representa, segundo alguns críticos, a terra sul-americana reagindo contra o invasor e, ao mesmo tempo, ansiando pela fusão com o estrangeiro — o estrangeiro que Martim personifica e que, inferiorizado perante, o índio e apesar de falar e agir como ele, nunca se liberta do apelo da pátria distante.
Entre ambos se levanta o obstáculo da diferença de raça e de cultura.
Um obstáculo que só as relações amorosas conseguem superar.

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