sexta-feira, 27 de março de 2009

Crime do padre Mouret

Emílio Zola

Serge é um sacerdote católico sincero, na sua crença, um místico pobre cura de uma aldeia pobre, todo devotado ao seu múnus, a Deus e à Sua corte celestial. Albine é uma rapariga pura, simples, ingénua e um pouco selvagem. São ambos jovens, as suas vidas cruzam-se em circunstâncias fortuitas e amam-se. No seu amor não haveria pecado se Serge não fosse padre; mas como o é… porque pecaram? N um nem outro o sabem bem, mas vão viver, daí em diante, o drama angustioso de um amor a que se entregaram com inocência dos seus corpos e das almas virgens. Na sua fé, o padre busca o resgate no fim da via dolorosa do arrependimento e da expiação. Mas que há-de fazer Albine, que só tem o seu amor e só por ele e para ele vive? Á distância e um século, Zola levantou um problema humano que nos nossos dias se debate próprio seio da Igreja católica _ o celibato dos sacerdotes —, problema controverso acerca do qual muitas vozes eminentes se têm pronunciado pró e contra, nos últimos tempos. Em O Crime do Padre Mouret, Zola limita-se a pôr, com notável elevação, um dos «casos» mais dramáticos da crise actual da Igreja católica: o celibato sacerdotal.

Sem comentários:

Enviar um comentário