quarta-feira, 25 de março de 2009

O jogo

Carlo Coccioli

A páginas tantas, uma das personagens deste romance extraordinário confessa: «Percebi que muitas coisas se desmoronaram e que fiquei cheio de incertezas no meio dessas ruínas.» E o desabafo sintetiza, de certo modo, a grande inquietação do homem moderno: não sabe no que acreditar; deixou de crer e ainda não crê. À boa maneira dos grandes trágicos, Carlo Coccioli situa os seus heróis na fronteira muda do desconhecido: nada depende deles e tudo talvez não passe de um monstruoso engano. De um monstruoso jogo. Jogo desesperado de amor, jogo desesperado de morte. E não é por acaso que o autor recorre, para epígrafe, aos versos de António Machado, que dizem: “A máscara, a aparência: o único refúgio para o homem alanceado pela dúvida e nostalgia de uma Felicidade inatingida.Carlo Coccioli –um dos maiores romancistas europeus-abre,no entanto,no coração da dolorosa angústia contemporânia, uma pequena janela de esperança.

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