quinta-feira, 5 de março de 2009

O Ente Querido

Evelyn Waugh

Verdadeira arte não deixa ninguém em paz. E ainda bem … Um livro, um romance, por exemplo, diverte e preenche tempos mortos, a própria solidão; representa o melhor dos amigos - o mais fiel, o mais paciente, o mais compreensivo; mas, em contrapartida, obriga-nos, quando de qualidade, a rever valores e modos de viver. Inquieta-nos. Só que é uma inquietação saudável, benéfica. O que terá pensado o americano-tipo - o americano de uma sociedade tecnocrata, materialista, funcional, numa palavra: de uma sociedade de consumo -, como terá ele reagido a «O Ente Querido», de Evelyn Waugh? A verdade é que o leu e releu, êxito estrondoso que foi, no país de origem. Talvez porque o americano-tipo, o americano médio apreciou a denúncia dos espiritualismos aparentes, que escondem a desenfreada corrida ao dinheiro … O que arde cura.... E, no fim e ao cabo, o americano médio não passa de um homem à procura de soluções diferentes, para uma realidade penosa, desumanizada. Como nós. Assim, a verdade sabe-lhe bem, ainda que lhe doa. Ora, precisamente, um retraio impiedoso, ácido, do actual «way of life» norte-americano nos oferece, com segurança e talento invejáveis, Evelyn Waugh. Onde acaba e onde começa a mentira? Onde acaba e onde começa a verdade? Evelyn Waugh ajuda -nos a responder.

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