As boas intenções não fazem a obra de arte. Para que o seja e intervenha, de facto, junto dos homens, uma condição é indispensável: a qualidade estética.
Só as grandes obras de arte tocam, profundamente, o homem, através dos séculos. Indispensável, também (está claro) o talento do artista (sem talento não haveria qualidade) e que a este assista uma larga compreensão dos problemas humanos - o que significa, por vezes, uma larga experiência. Budd Schulberg -o romancista de Que Faz Correr Sammy? reúne as duas características: talento e experiência vivida. Budd Schulberg atravessou, de ponta a ponta, o mundo turvo de Holiywood, capital do cinema, em que inveja, frustrações, despeito e deslealdade são moeda corrente. Assim, o herói Sammy Glick, figura roída pela ambição sem escrúpulos, simboliza todo um ambiente: a corrida ao ouro, nos bastidores de Holiywood. Budd Schulberg, enquanto relata o triunfo de Sammy - que de contínuo de jornal, chega a milionário - levanta o processo de uma sociedade cujo único valor é o dinheiro. Implacavelmente. E com a segurança apaixonada de um autêntico mestre da arte de contar.
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